14 Jul
DIAGNÓSTICO SOFISTICADO PARA PARASITISMO INTESTINAL

Recente matéria na prestigiosa revista científica norte-americana The New England Journal of Medicine deu o que pensar.

Ela foi publicada na seção de imagens na medicina clínica, as quais se acompanharam de pequeno texto explicativo (caso queira, acesse a matéria, em inglês, clicando aqui). A pessoa tinha como queixa prurido (coceira) anal com sangramento, já com dois meses de evolução; foi submetida a uma colonoscopia (exame feito com um tubo flexível), que permitiu visualizar um verme movendo-se na porção final do tubo digestivo, o ânus. A filha da paciente também tinha prurido anal, bem como coleguinhas da escola: o verme era o mesmo, o Enterobius vermicularis. Com o tratamento os sintomas desapareceram.

O Prof. H. Monteiro Marinho, titular de Hematologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, não se cansava de repetir que as maiores bobagens não estão escritas em português para insistir em que não se devia confiar cegamente em tudo o que vem de outros países.

Não se está dizendo aqui que o texto é uma bobagem, pois ele é apenas explicativo das imagens exibidas, inclusive vídeo; a crítica parece oportuna ao se considerar o fluxo seguido no atendimento à paciente, que no Brasil seria feito de modo simplíssimo, pois já no primeiro ano do curso de Medicina os futuros Esculápios aprendem que o verme Enterobius vermicularis causa prurido anal, e que ele comumente afeta vários (se não todos) os habitantes de um lar. Ou seja: o antigo, barato e eficaz exame das fezes teria indicado a causa da queixa daquela mãe, sem que se lançasse mão de uma colonoscopia para diagnosticar algo tão simples.

A colonoscopia é um inestimável recurso utilizado na Medicina, colaborando para o diagnóstico precoce e cura do câncer colorretal e de muitas outras doenças, mas parece ter sido, no caso mencionado, um exame expensivo demais para explicar a causa do prurido anal em uma pessoa inserida em um contexto como o descrito. Não interpretar os sintomas e sinais e já partir para exames complementares sofisticados não parece um bom exemplo a ser seguido, ainda que partido de países desenvolvidos.

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